Adora os passarinhos, adora mesmo...
E mantêm uma avezinha nascida para voar nos grandes espaços, numa mísera gaiolita, onde nem pode bater uma só vez as asas...
Adora os passarinhos, trata deles com desvelo e enternece-se com o maravilhoso trinar dum canário-claro que, para que ele cante bem, há que condená-lo à mais angustiada solidão, há que separá-lo da fêmea, o canto lindo, faz parte do ritual encantatório pré-nupcial que, porque ele adora ouvir cantar o canário, nem se consuma...
Adora os animais, e brutalmente separa um cachorrinho de poucos dias dos seus irmãos e da mãe, deixando-o a gemer, a chorar até se "habituar"! habituar?
Adora os animais e inflinge-lhes tratos que muitos e muitos escravos nunca sofreram... tratos brutais, tão desumanos que a natureza quantas e quantas vezes transmite de uma forma decisiva indicações genéticas que contrariam o primeiro, o maior, o mais profundo anseio da especie: procriar, continuar!
A natureza diz que assim não! que é melhor não gerar filhos, que é melhor acabar - e é por isso que a maior parte dos animais bravios não se reproduzem, ou reproduzem-se mal em cativeiro.
Ensinamos ás crianças o amor aos animais, vestigios de Deus no dizer de um Santo...
Levando-as a um jardim zoológico, onde os grandes animais nascidos para a liberdade dos grandes espaços se encontram confinados a celas minúsculas, vítimas dum suplementar horror: a inactividade total durante dias, semanas, meses, anos...
Amor aos animais? Uma treta!...
Antes as touradas. Cruéis?
Sem dúvida, mas apesar de tudo, mais vale a um touro uma vida de liberdade e bom passadio a pastar na lezíria e a correr atrás das vacas, e depois meia hora de luta e sofrimento, que a apagada e vil tristeza de toda uma vida numa jaula ou gaiola minúscula sem espaço, sem actividade, sem luta, sem nada, sem vida...
A aprodecer, até endoidecer....
Amor aos animais?? Mentira!!